O mercado da música, que costuma oscilar entre altos e baixos como uma playlist mal organizada, ganhou um ritmo mais animado na última semana de novembro.
De acordo com a Billboard, a Sphere Entertainment Co., dona da icônica e futurista arena Sphere em Las Vegas (EUA), viu suas ações subirem 11,2%, fechando a semana em US$ 76,04. Para quem acompanha o setor, o movimento foi mais do que um simples ajuste: foi um sinal de que o entretenimento pode ser um motor de crescimento financeiro mesmo em tempos de incerteza.
A Sphere, inaugurada com pompa e circunstância em 2023, tornou-se rapidamente um ícone arquitetônico e tecnológico. Com shows imersivos que misturam música, efeitos visuais e experiências sensoriais, o espaço atrai turistas e fãs de todas as partes do mundo.
Apesar das notícias frequentes sobre a queda no turismo em Las Vegas, a arena conseguiu desafiar a lógica e impulsionar os resultados da companhia no mercado financeiro. Em 2025, as ações da Sphere Entertainment acumulam uma valorização de quase 100%, um feito que chama atenção até dos investidores mais céticos.
Entre os destaques recentes, está a produção de The Wizard of Oz, que ultrapassou US$ 130 milhões em vendas e atraiu mais de 1 milhão de espectadores. Além disso, a residência dos Eagles bateu recorde com 56 apresentações, consolidando o espaço como palco de grandes nomes e grandes negócios. A empresa também reforçou sua equipe executiva, nomeando Christopher Winters como vice-presidente sênior e principal responsável pela contabilidade, sinalizando uma gestão voltada para expansão e solidez.
Mas não foi apenas a Sphere que brilhou. O Billboard Global Music Index (BGMI), que reúne 19 companhias do setor, registrou sua primeira alta em 11 semanas, avançando 1% e alcançando 2.597 pontos. Entre os destaques, o serviço francês Deezer subiu 13,5%, reduzindo parte de suas perdas acumuladas no ano. Já a sul-coreana SM Entertainment avançou 6%, enquanto a americana Reservoir Media cresceu 4,4%.
Até gigantes como Spotify e SiriusXM tiveram ganhos modestos, reforçando a ideia de que o mercado musical ainda tem fôlego.
Claro, nem tudo foi festa. A Warner Music Group (WMG) caiu 8%, ampliando uma sequência de quedas que já dura nove semanas. Já a Universal Music Group (UMG) também recuou, acumulando perdas de quase 8% em 2025. Essas oscilações mostram que, embora o setor esteja em movimento, nem todas as empresas conseguem acompanhar o ritmo.
O contraste entre vencedores e perdedores reforça uma tendência: investimentos em experiências diferenciadas, como a Sphere, parecem ser mais resilientes do que modelos tradicionais de negócios musicais. Enquanto gravadoras enfrentam desafios com streaming e acordos de licenciamento de inteligência artificial, arenas e plataformas inovadoras conseguem atrair público e gerar receita de forma consistente.
Do ponto de vista financeiro, o recado é claro: o entretenimento é um ativo estratégico. A valorização da Sphere Entertainment mostra que apostar em inovação e experiência pode render dividendos generosos. Para investidores, é um lembrete de que o setor cultural não é apenas emoção, mas também oportunidade de negócio.
Em tempos de volatilidade global, ver uma empresa de entretenimento liderar ganhos em Wall Street é quase como assistir a um bis de Paul McCartney: inesperado, emocionante e, acima de tudo, lucrativo.
Hamilton pode ter recebido McCartney para inaugurar sua arena, mas é em Las Vegas que o espetáculo financeiro da Sphere está roubando a cena.
























