O Napster, nome icônico da revolução digital no início dos anos 2000, voltou às manchetes em 2025 por motivos nada glamorosos. Após anunciar com pompa uma rodada de financiamento de US$ 3 bilhões, que supostamente elevaria o valor de mercado da controladora Infinite Reality para mais de US$ 12 bilhões, a empresa agora admite que o dinheiro nunca chegou.
E, para piorar, a Forbes inclui uma alegação do Napster de que foi “vítima de má conduta”. A publicação já vem acompanhando essa situação ao longo deste ano, inclusive reportando sobre o mistério em torno da identidade do investidor não identificado por trás do financiamento de US$ 3 bilhões .
Do ponto de vista financeiro, o caso é digno de roteiro de série. Imagine uma empresa anunciar bilhões em caixa, planejar expansão e aquisições, e depois descobrir que o cofre estava vazio. Para os analistas, isso não é apenas um tropeço: é um alerta sobre a fragilidade de algumas operações de capital de risco no setor de tecnologia e música.
O humor da situação está em pensar nos executivos preparando discursos sobre “a nova era do Napster” e, de repente, tendo que explicar que o dinheiro evaporou. É como anunciar um show com ingressos esgotados e, na hora, perceber que o palco não foi montado.
Napster já vinha enfrentando turbulências
Além do financiamento fantasma, o Napster já vinha enfrentando turbulências. Em agosto de 2025, a Sony Music entrou com um processo alegando US$ 9,2 milhões em royalties não pagos. Para completar, houve demissões e a saída de Jon Vlassopulos, CEO na época da aquisição pela Infinite Reality. Ou seja, o cenário não é apenas de mistério financeiro, mas também de instabilidade operacional.
Financeiramente, o impacto é enorme. Uma rodada de US$ 3 bilhões poderia ter garantido ao Napster fôlego para competir em áreas como streaming, Web3 e NFTs musicais. Sem esse capital, a empresa precisa rever planos e lidar com a desconfiança do mercado. Investidores, por sua vez, ficam mais cautelosos diante de promessas grandiosas sem garantias sólidas.
O caso também levanta questões sobre transparência. Quem era o investidor misterioso? Como uma empresa anuncia uma rodada bilionária sem assegurar a entrada efetiva dos recursos? Essas perguntas, que parecem piada de bastidores, são agora parte de um debate sério sobre governança corporativa.
Em resumo, o episódio do Napster mostra que, na indústria da música, não basta ter nome histórico ou boas ideias. É preciso garantir credibilidade financeira. Para os fãs, fica a lembrança de uma marca que já simbolizou inovação. Para os investidores, uma lição clara: promessas bilionárias precisam ser acompanhadas de contratos sólidos e auditorias rigorosas.
E, convenhamos, se o Napster conseguir transformar esse escândalo em uma nova fase de reinvenção, será quase tão surpreendente quanto sua estreia nos anos 2000. Afinal, na música e nas finanças, o show só continua se houver dinheiro no caixa.
























