Se você acha que o mercado financeiro se resume a ações, criptomoedas e fundos imobiliários, talvez esteja na hora de incluir um novo item na sua planilha de investimentos: fotografias históricas.
E quem acaba de provar que arte também pode render cifras dignas de Wall Street é ninguém menos que o saudoso David Bowie (1947-2016) — ou melhor, a imagem que eternizou sua fase glam rock.
A famosa foto da capa do álbum Aladdin Sane, lançada em 1973 por Bowie, foi leiloada em Londres por nada menos que US$ 496 mil, o equivalente a cerca de R$ 2,6 milhões. Sim, você leu certo. Uma única imagem, impressa em grande formato e assinada pelo fotógrafo Brian Duffy, alcançou um valor que faria qualquer gestor de fundo alternativo levantar a sobrancelha.
Mas o que torna essa imagem tão valiosa? Além de ser um marco visual da carreira de David Bowie, ela representa uma fusão entre música, moda, arte e identidade. O retrato mostra o cantor com os olhos fechados, expressão serena e um raio vermelho e azul pintado no rosto — maquiagem assinada por Pierre La Roche e Philip Castle. Essa estética ousada não só definiu a era glam rock, como também virou símbolo de inovação artística.
David Bowie: leilão é exemplo de memorabilia cultural
Do ponto de vista financeiro, o leilão é um exemplo claro de como memorabilia cultural está ganhando espaço como ativo de investimento. A valorização de peças únicas ligadas a artistas lendários tem atraído colecionadores e investidores que buscam diversificação com apelo emocional e histórico. E convenhamos: é muito mais charmoso dizer que você investe em Bowie do que em debêntures.
A imagem vendida estava em condições excepcionais de preservação, o que contribuiu para seu valor. Além disso, o fato de ser assinada por Duffy — que trabalhou com Bowie em outras ocasiões — adiciona uma camada de autenticidade que o mercado de arte valoriza como ouro. O comprador, que preferiu manter o anonimato (provavelmente para evitar pedidos de empréstimo dos amigos), vai incluir a peça em uma coleção privada dedicada à arte contemporânea e à história da música.
E não pense que esse tipo de transação é isolado. O mercado de arte e cultura pop tem crescido de forma consistente, com leilões de itens relacionados a ícones como Beatles, Elvis Presley e até videogames clássicos. O interesse por esses ativos reflete uma mudança no perfil do investidor, que agora busca experiências e narrativas além do retorno financeiro.
Para quem acompanha notícias financeiras, esse caso é um lembrete de que o valor de mercado pode estar onde menos se espera. Uma imagem, quando carregada de significado cultural e histórico, pode valer mais do que muitos ativos tradicionais.
E no caso de Bowie, o raio no rosto virou um raio de lucidez para quem ainda duvidava que arte também é negócio.
























