A Primary Wave, uma das maiores empresas de gestão de catálogos musicais do planeta, acaba de colocar mais uma joia em sua vitrine: o acervo musical e os direitos de imagem do icônico pianista Dave Brubeck. E não estamos falando de qualquer músico — Brubeck é o cara que fez o mundo inteiro contar em 5/4 com Take Five.
Segundo a Billboard, a parceria foi firmada com a Derry Music Company e a família Brubeck, e inclui não apenas os direitos de publicação e gravação, mas também o uso do nome, imagem e semelhança do artista. Em outras palavras, a Primary Wave agora tem a chave do cofre de um dos legados mais respeitados do jazz mundial.
Para quem acompanha o mercado musical com olhos de investidor, essa aquisição é mais do que uma homenagem: é uma jogada estratégica. O jazz, apesar de não ser o gênero mais pop das paradas atuais, possui um valor cultural e histórico imenso — e isso se traduz em oportunidades de monetização via sincronizações em filmes, séries, campanhas publicitárias e projetos educacionais.
A Primary Wave pretende usar sua infraestrutura de marketing e publicação para amplificar o impacto de Brubeck, com iniciativas que vão desde branding digital até produções audiovisuais. E convenhamos: quem não gostaria de ouvir Blue Rondo à la Turk como trilha sonora de um comercial de carros elétricos?
Dave Brubeck: o legado que atravessa gerações
Brubeck não foi apenas um músico brilhante. Ele foi um inovador, um diplomata cultural e um defensor da integração racial. Em plena década de 1950, recusava tocar em locais que não aceitavam seu baixista Eugene Wright, que era negro. Seu compromisso com a justiça social e sua genialidade musical renderam prêmios como o Kennedy Center Honors, a Medalha Nacional das Artes e um Grammy pelo conjunto da obra.
A família Brubeck, que participou ativamente da negociação, destacou que a parceria com a Primary Wave permitirá expandir o alcance da obra de Dave e preservar sua herança artística e humanitária. E isso, além de nobre, é também uma excelente oportunidade de negócios.
A movimentação da Primary Wave faz parte de uma tendência crescente: o interesse renovado por catálogos de jazz. Recentemente, a empresa também firmou acordos com os espólios de Count Basie, Chuck Mangione e Pat Metheny. E não está sozinha — a Reservoir Media, por exemplo, adquiriu os direitos de Miles Davis pouco antes do centenário do artista.
Essas aquisições mostram que o mercado financeiro está atento ao valor duradouro de obras que resistem ao tempo e continuam gerando receita. Afinal, enquanto hits pop podem ter prazo de validade, clássicos do jazz são como bons vinhos: só melhoram com o tempo.
A entrada de Dave Brubeck no portfólio da Primary Wave é mais do que uma transação comercial. É um encontro entre arte e estratégia, entre legado e inovação. E para quem acompanha o mercado financeiro com interesse em cultura, é um sinal claro de que investir em música — especialmente aquela que fez história — pode ser tão rentável quanto emocionante.
Então, da próxima vez que ouvir Take Five, lembre-se: além de desafiar o compasso, essa música agora também desafia os limites do mercado. E isso, meu caro, é jazz com retorno garantido.
























